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BLG_CLV > O QUE A MÚSICA JÁ FEZ POR VOCÊ?



Desde que eu me lembro adoro música. Cresci ouvindo principalmente música popular brasileira e rock inglês, quase nunca saía disso. Sem saber muito o que música poderia fazer por mim, fiz aulas de vários instrumentos. Comecei com violino, passei por violoncelo, pulei para bateria e arranhei no violão por alguns meses. Todos os instrumentos que tentei me fizeram bem. Me lembro que entrar na escola de música era uma sensação maravilhosa!


Interessante dizer que não continuei com nenhum deles, sem motivos muitos palpáveis, acho. Sempre amei e até hoje nas minhas indagações ainda volto nesse questionamento.

Bom, nem tudo caminha da forma idealizada, ainda mais quando a idealização da sua infância chega aos 30 anos. De qualquer forma, sempre amei música e continuo me doando de alma e coração aos nossos encontros.


Hoje, entendo um pouco mais o que ela pode fazer por nós. É cientificamente comprovado que a música transforma caminhos neurais existentes e neurologicamente muda nosso comportamento. Ela é inclusive utilizada em algumas terapias para construir objetivos não musicais, como movimento, comunicação, linguagem receptiva e habilidades cognitivas. Alan Harvey, neurocientista renomado e músico (guru nos estudos de música e neurociência), diz que pesquisas mostram que quando há pelo menos um pouco de educação musical existe um impacto positivo no desenvolvimento social e cognitivo das crianças. E estes efeitos são duradouros - melhor audição, melhor habilidade motora, melhor memória, melhor habilidade verbal e de alfabetização.


Para mais, ela é capaz de reduzir estresse e ansiedade, ajudar a superar a insônia, alterar humor e motivação, além de proporcionar desvio das preocupações mentais. São inúmeros seus benefícios para nossa mente, corpo, alma e espírito. É um fenômeno como poucos.


A música constrói mundos. Isso é profundo. Não só a afirmação em si mas o espaço em que ela navega. Vemos a música servindo como pontes para inúmeros atos sociais, como trilha para povos, momentos e tempos há tempos. De acordo com Jung (1906) ela expressa em sons o que fantasias e visões expressam em imagens visuais. A música representa o movimento, o desenvolvimento e a transformação dos motivos do inconsciente coletivo.


De todos os mundos que a música já construiu, alguns deles são meus e existem algumas lições que eu aprendi nesse nosso flerte de anos. A primordial é que a música é o caminho. Nunca vi um artista ou compositor escrever por escrever ou performar por performar, sempre parece existir um outro fim, mesmo que esse fim seja um desejo próprio. Como caminho, ela abre espaço e possibilita muitas existências. Esse é o poder da criatividade, ela reside e resiste na sua própria existência.


Estudos de Harvard de 2018, esclarecem que existem significados musicais que podem transcender as fronteiras culturais e ser universalmente humano. Caminhamos do individual para o coletivo rapidamente quando compreendemos que música é uma linguagem universal. Essa foi e é minha segunda lição. Nossa reação a uma canção pode ser tão visceral ao ponto de ficarmos absolutamente entrelaçados nela. A música é muito consumidora e talvez por isso ela esteja em quase todas as relações existentes. Para Platão ( 427-347 a.C) “a música é um meio mais poderoso do que qualquer outro porque o ritmo e a harmonia têm a sua sede na alma." A real é que é maravilhoso ter a possibilidade de ser tocado por uma música e já está mais do que claro que isso não depende somente da audição.


A música é um fenômeno como poucos. Talvez isso justifique o giro intenso entre expressão e realidade. Penso que o que não podemos esquecer nesse processo é em seu valor para quem se permite senti-la, Rubem Alves diz e eu gosto de pensar como ele, "toda alma é uma música que se toca".



Ana Paula Bontorim

Psicóloga


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