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BLG_CLV > ÁUDIO IMERSIVO EM PODCASTS: O RECURSO BINAURAL NA CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS FICCIONAIS


O podcast tornou-se uma prática de produção profissional e comercial, mas começou como produções caseiras e independentes, popularizando-se ao longo dos anos e conquistando cada vez mais ouvintes. Os gêneros são diversos, é possível encontrar os esportivos, humorísticos, jornalísticos, entre outros. Mas foi nesse formato de produção sonora que o audiodrama encontrou espaço para retomar desde que perdeu audiência na programação de emissoras radiofônicas com a popularização da televisão.


Esse tipo de produção ainda é mais frequente nos Estados Unidos e marca, inclusive, a retomada de uma estética acústica que se assemelha a dos anos dourados do rádio.

De acordo com dados da pesquisa The Infinite Dial 2018, o podcast continua sua trajetória em crescimento acelerado. Dos entrevistados, 64% afirmaram que têm familiaridade com o termo podcast e 44% que já tinham ouvido algum episódio. Com o aumento da produção e distribuição deste formato, novas estratégias têm surgido com a finalidade de fidelizar e conquistar novos ouvintes. Uma dessas ferramentas é o áudio binaural, que constrói a sensação de imersão, como se as ações acontecessem próximas da audiência.


Ainda são poucos os podcasts que utilizam esse recurso e, por isso, optamos por analisar a série americana de histórias de horror Darkest Night, para compreender como o binaural é utilizado na construção de narrativas de audiodrama, que têm caráter imersivo.


Darkest Night e o binaural

De acordo com sua descrição, Darkest Night é um audiodrama binaural que coloca você, o ouvinte, no centro de uma memória recuperada que soa como se estivesse acontecendo ao seu redor em tempo real. Cada capítulo investiga as últimas memórias do recente falecido, revelando lentamente um plano horripilante.


Para observarmos a inserção dos recursos binaurais na narrativa, recorremos à análise de conteúdo como metodologia. Optamos por observar se essa estratégia é utilizada em situações pontuais que são características do audiodrama, como na composição da ação sonora, no cenário sonoro e em pontos de virada dos três elementos da narrativa dramática (exposição, nó e desfecho.


Cenários Sonoros


Os cenários sonoros ainda são poucos usados e, para situar o ouvinte, os personagens mencionam os lugares em que eles estão. No entanto, as ações sonoras aparecem com mais frequência aqui e servem para localizar quem ouve. Neste episódio, o enredo desenvolve-se em mais ambientes do que o piloto, então as ações sonoras marcam a mudança de local, seja por meio de efeitos como passos ou portas abrindo e fechando. Todas as ações são construídas de forma binaural, assim como todo o diálogo.


Em relação à narrativa dramática, a lógica usada é exatamente igual ao episódio piloto, pois a exposição poderia ser melhor explorada. Apesar de já conhecermos os personagens iniciais, Katie e John, vamos compreendendo sobre os novos personagens através do diálogo que eles estabelecem uns com os outros. O nó e o desfecho, assim como no primeiro episódio, são marcados por passagens que usam efeitos sonoros, todos em binaural. Como vimos, essa ferramenta potencializa o caráter imersivo do áudio, fazendo com que o ouvinte sinta-se inserido na narrativa, presenciando todo o enredo de forma sensorial.


Audiodrama renasce no Podcast


O audiodrama encontra no podcast um espaço para retomar suas produções elaboradas com efeitos sonoros que acrescentam vivacidade à história e que estão longe de serem meramente decorativos. Aliado a essa narrativa acústica, está o binaural que, como propomos, pode ser usado em três perspectivas: na voz dos personagens, na ação sonora e na composição do cenário sonoro. Podcasts que utilizam o áudio binaural como estratégia para a construção de narrativas imersivas propiciam a recuperação do ambiente acústico como efetiva possibilidade de experimentação estética. A aproximação com o ouvinte e a sensorialidade, características do rádio, são potencializadas por essa ferramenta.



Luana Viana

Texto extraído do artigo publicado na Revista Acadêmica Jornalismo, Rádio e Inovação da Universidade Federal de Santa Catarina

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